Pode haver, e na maioria das vezes há, mais de dois elementos na forma: nesse caso, o que seria figura? E fundo? Por quê? Max Wertheimer, tido como o fundador da teoria da Gestalt, propõe em seu “Raciocínio Visual” certos princípios, a seguir:
1) Proximidade
Em condições iguais, eventos próximos no tempo e espaço tenderão a permanecer unidos, formando um só todo:
OO OO OO OO OO OO OO
OO OO OO OO OO OO OO
OO OO OO OO OO OO OO
2) Semelhança
Eventos semelhantes se agruparão entre si:
O X O X O X O X O X O X O
O X O X O X O X O X O X O
O X O X O X O X O X O X O (Maiores detalhes em 8.3)
Essa semelhança se dá por intensidade, cor, odor, peso, tamanho, forma etc. e se dá em igualdade de condições.
3) Semelhança + Proximidade
É a simples adição dos dois princípios anteriores, se em condições iguais.
OO OX XO OO
OO OX XO OO
OO OX XO OO (Maiores detalhes em 8.2)
4) Lei da Boa Continuidade
É o acompanhamento de uns elementos por outros, de modo que uma linha ou uma forma continuem em uma direção ou maneira já conhecidas:
____|____ = ________ | ( maiores detalhes em 8.5)
5) Pregnância
Há formas que parecem se impor em relação às outras, nos fazendo, por muito tempo, não conseguir ver outra forma de distribuição:
OO OO OO OO OO OO OO OO OO
OO OO OO OO OO OO OO OO OO
OO OO OO OO OO OO OO OO OO ( maiores detalhes em 8.1)
6) Destino Comum
Há certos elementos que parecem se dirigir a um mesmo lugar, se destacando de outros que não o pareçam.
7) Persistência do Agrupamento Original
Em todas as formas, todos os estímulos, os elementos aproximam-se uns dos outros e tendemos a fazer com que os grupos continuem os mesmos.
8) Experiência Passada ou Aprendizagem
É a subjetividade do percebedor: para cada um a percepção pode ser diferente, de acordo com a experiência do indivíduo, de acordo com o que ele já viveu ou aprendeu, conheceu. Tomemos como exemplo um texto qualquer: para um analfabeto ou alguém que não conheça a língua em questão, parecerá uma confusão completa, mas, para aquele que saiba ler ou conheça a língua, parecerá inteiramente inteligível.
9) Clausura ou Fechamento
Os elementos de uma forma tendem a se agrupar de modo que formem uma figura a mais total ou fechada.
Conclusão
Essas tendências ou princípios, dependendo de sua intensidade podem produzir efeitos diferentes, devemos sempre lembrar que, para a Escola da Forma, o todo não é apenas a soma das partes, sua essência depende da configuração das partes.
A partir disso, podemos trazer ainda algumas considerações e conceitos finais: a transposição das formas, por exemplo, é de um valor muito grande dentro do que foi dito no parágrafo anterior; podemos transpor a mesma forma a partir de elementos diferentes, de modo que a forma original ainda possa ser reconhecida, como em:
OOXX
OO, XX
ou em uma melodia cujas notas sejam aumentadas todas em um tom, ou seja, o todo é a configuração de seus elementos, mas também difere de acordo com os elementos em si. Porém, não podemos nos esquecer da parte-todo, isto é, que as partes dependem da natureza do todo.
Por último, vale ressaltar, mais uma vez, a subjetividade na percepção: deve-se levar em conta a experiência vivida pelo sujeito, o seu nível de conhecimento ou familiaridade com o assunto tratado et sic per omnia.
Enfim, a Escola da Gestalt não se limitou apenas à percepção, mas expandiu suas teorias a várias áreas de conhecimento, revolucionando a psicologia e influenciando diretamente muitos pensadores. Pode-se dizer, por exemplo, que o behaviorismo de Skinner bebe basicamente da fonte da Gestalt.
Esta foi e continua sendo uma escola revolucionária e de um imenso valor histórico. [1]
[1] Texto obtido dia 24/05/2008 no Site – design em fatias– Autora –Juliana Fausto -ano 1999