Diferente do sistema tonal, grande parte das relações rítmicas apresenta uma maior facilidade perceptual. Segundo Pierre Schaeffer, no livro Tratado dos Objetos Musicais, o humano desde seu estado mais primitivo tende a percutir para se expressar musicalmente.
A partir da pura percepção auditiva a maioria dos padrões rítmicos tende a ser percebido e compreendido com maior facilidade. Isso ocorre devido o fato de compreendemos o sistema rítmico analogicamente, ou seja, a movimentação da membrana do tímpano é idêntica ao impulso elétrico gerado para a percepção de suas distancias temporais. Diferentemente da percepção melódica, onde o ouvinte deve ter uma serie de códigos musicais inseridos em seu intelecto para decodificar as relações de alturas entre as notas. O estudo da percepção das alturas se inicia com a memorização e identificação dos intervalos musicas. Em um estagio mais avançado deste estudo o ouvinte relaciona as distancias entre as alturas ouvidas identificando as distancias já estudadas. Através da destas identificações o individuo forma o complexo melódico ouvido. Mesmo aqueles raros indivíduos que desenvolvem o ouvido absoluto devem contar com o sistema musical para nomear os dados musicais ouvidos. Concluímos então que a percepção rítmica por corresponder analogicamente aos estímulos requer menos intelectualização para se constituir do que a percepção das alturas. Logo na maioria dos casos mais percebida tendo maior influência no publico.
A percepção então se aprofundada a partir dos dados que são percebidos com maior facilidade. Após os primeiros dados serem percebidos a gama de probabilidades se forma através das inter-relações que cada individuo pode constituir. Podemos dizer então que temos uma hierarquia nos tipos de dados perceptivos. Vamos falar então sobre esta hierarquia.
Pulsação:
O pulso é um fator de maior hierarquia na percepção rítmica. A partir dele todos os dados são organizados e metrificados.
Os padrões rítmicos exigem do ouvinte e executante um maior processamento nas seguintes características:
Velocidade: padrões rápidos exigem uma maior atenção no momento da captação, porém nem todos os padrões rápidos exigem processamento em sua organização. A semelhança auxilia a organização de padrões rápidos. Agrupamentos de semicolcheias em um andamento rápido podem ser facilmente percebidos, quantificados e organizados por ouvintes em diversos estados musicais. Porém se suas relações com os outros eventos forem não semelhantes, sua organização terá um nível maior de dificuldade.
No exemplo musical 3 logo acima podemos observar no primeiro compasso agrupamentos de quatro semicolcheias para cada tempo, enquanto temos uma semínima para cada tempo no pentagrama de baixo. Em contraposição temos no segundo compasso o mesmo padrão de semicolcheias no pentagrama de cima contraposto por um novo padrão de quintinas no pentagrama de baixo.
A primeira coisa que observaremos é que o conjunto de semicolcheias por si próprio cria um padrão de subdivisão constante que é percebido instantaneamente por qual que ouvinte independentemente do seu grau de instrução musical. Esse fato ocorre devido a semelhança entre todas as distancias dos ataques das notas.
Localizações: As localizações dos ataques são mais facilmente percebidas e quantificadas quando estão junto ao pulso ou são múltiplos dele.
Igualdade e diferença: A quantificação diferencia os padrões e os classifica percentualmente por igualdade e diferença.
Nos agrupamentos rítmicos percebemos as distâncias entre os ataques das notas. As outras propriedades do som influenciam nas suas organizações em padrões por igualdade e por leis do sistema no qual o ritmo está inserido.