3. PSICOACÚSTICA

Há três escalas distintas de tempo nas quais ocorrem variações temporais de relevância psicoacústica. Primeiro, temos a escala “microscópica” de tempo, na qual as vibrações reais de uma onda sonora ocorrem, cobrindo uma gama de períodos de mais ou menos 0,00007 a 0,05 s. Há então uma faixa intermediaria centrada em torno de um décimo de segundo, onde ocorrem algumas variações transientes, tais como ataque e decaimento, representando as variações temporais dos detalhes microscópicos. Finalmente, temos a escala “macroscópica” de tempo, indo de cerca de 0,1 s em diante, correspondendo às durações normais de notas, sucessões e ritmo. É importante observar que cada escala temporal típica tem um “centro processador” particular, com uma função especifica no sistema auditivo.

1. As vibrações microscópicas são detectadas e codificadas no ouvido interno e levam principalmente às sensações primarias das notas (altura, intensidade e qualidade).
2. As vibrações intermediarias ou transientes parecem afetar principalmente mecanismos de processamento no caminho neural entre ouvido e a área auditiva do cérebro e fornecem indicações adicionais para a percepção da qualidade, identificação e discriminação de notas.
3. As vibrações macroscópicas de tempo são processadas no nível neural mais elevado – o córtex cerebral, i.e., a estrutura superficial envoltória e o tecido subjacente do cérebro. Eles determinam a mensagem musical real e seus atributos.
Quanto mais subimos nesses estágios processadores no conduto auditivo, mais difícil se torna definir e identificar os atributos psicológicos aos quais esse processamento leva, e mais as coisas parecem estar influenciadas por aprendizagem e condicionamento cultural, bem como pelo comportamento momentâneo do individuo.

Ao contrario da física clássica, mas muito semelhante à física quântica, nunca se pode esperar que as previsões psicofísicas sejam exatas ou únicas – apenas valores de probabilidade podem ser estabelecidos.

1. Repetidas medições de mesma espécie podem condicionar a resposta do sistema psicofísico em observação: o cérebro tem a habilidade de aprender gradualmente, mudando a probabilidade de resposta a um certo estímulo de entrada, à medida que aumenta o numero de exposições semelhantes.
2. A motivação do sujeito em estudo e as consequências, mentais ou físicas disso podem interferir nas medições de uma forma altamente imprevisível.

Como consequência do primeiro ponto, um estudo psicofísico estatístico com um único individuo exposto a repetidas “medições” nunca será idêntico a um estudo estatístico envolvendo uma única medição tomada com vários indivíduos diferentes. Isso é devido não só as diferenças entre os indivíduos, mas também ao condicionamento que ocorre no caso de exposições repetidas. Os sistemas ultracomplexos de realimentação do sistema nervoso tornam particularmente delicado estabelecer e interpretar medições psicoacústicas. As conseqüências do ponto 2 podem ter alcance muito maior, especialmente em pesquisas sobre o papel do seu consciente.