4.1 A IRREVERSIBILIDADE DO TEMPO

Para falar da irreversibilidade do tempo utilizarei o Segundo Principio da Termodinâmica.

“Dado um sistema, isto é, uma porção arbitrária de espaço, o segundo principio diz que existe uma função, a entropia, que podemos decompor em duas partes: um fluxo entrópico proveniente do mundo externo e uma produção de entropia própria do sistema considerado.

É esta produção de entropia interna que é sempre positiva ou nula, e que corresponde aos fenômenos irreversíveis. Todas as reações químicas são irreversíveis.”[1]

Figura 10: Sistemas e entropia

Figura 10: Sistemas e entropia

 

Dado um sistema onde dois tanques de gás são interligados por um tubo onde o tanque da esquerda tem muito gás e o da direita tem pouco o gás do tanque da esquerda passa para o da direita em um movimento de equilíbrio entre os dois. Se um dos tanques for aquecido a preção deste aumenta impulsionado o gás para o outro tanque. Este movimento de reformulação do sistema é chama entropia.

 

Por mais que as mesmas proporções sejam encontradas em momentos distintos, as relações com o sistema externo serão outras. Como no discurso de Heráclito que diz “não se banha duas vezes no mesmo rio”.

 

Um bom exemplo de entropia está na imagem de jogar óleo sobre a superfície de água. Antes do óleo se espalhar, ele se encontra  concentrado em seu recipiente e ao cair sobre a água, se espalha. Este movimento do óleo se espalhando e se organizando de forma diferente na nova dimensão de espaço na qual ele agora bóia é chamado de entropia.

 

O tempo nasce quando esta matéria explode e se expande em direção ao nada. Como o óleo na superfície da água, a matéria se expande em alternâncias de ordem e caos. Surge então uma segunda característica do tempo: a probabilidade.

 

Por ter que passar pelo caos para se reorganizar, por mais que as leis de causa e efeito direcionem a ordem, ela não é 100% previsível, sendo o destino sempre provável. Por exemplo, é provável que o óleo se espalhe pela superfície da água até que fique em muitas bolinhas pequeninas. Porém, pode acontecer do óleo não se espalhar em mais do que duas ou três bolhas na superfície. No entanto, existe um nível de coerência em sua expansão.

 

A coerência aparece na forma de padrões. Neste caso é coerente, ou melhor, é um padrão, que o óleo se espalhe e forme bolinhas, não triângulos ou quadrados!

 

O tempo é então, um movimento de expansão que obedece a uma constante reformulação alternando ordem e caos coerentemente em padrões através de probabilidades.

 

 

 

 

 

 

 


[1] (PRIGOGINE, Ilya. O Nascimento do Tempo; Transcrição de uma conferência apresentada por Ilya Prigogine em Roma a 12 de fevereiro de 1987)