3.1 ASPECTOS OPERACIONAIS DO SISTEMA NERVOSO AUDITIVO

A unidade fundamental de processamento e transmissão é a célula nervosa ou neurônio. Podemos distinguir o corpo celular, uma série de elementos ramificados chamados dendritos e uma fibra alongada, o axônio, que também pode se abrir em múltiplas ramificações. Os dendritos e o corpo celular são os receptores dos sinais neurais de entrada, e o axônio é o transmissor, passando-os para os outros neurônios. Esses sinais neurais consistem em impulsos elétricos (variações de voltagem elétrica) da ordem de dezenas de milivolts, que se originam no fluxo de átomos eletricamente carregados (íons) pela membrana da célula. Esses impulsos podem ser registrados pela implantação de microeletrodos dentro do neurônio (um procedimento que não afeta a função normal da célula). No axônio, todos os impulsos, chamados de potenciais de ação, têm aproximadamente a mesma forma e duração (dezenas de milissegundos), e se propagam do corpo da célula para as terminações do axônio. Uma mensagem neural “interligada” é dada pela velocidade e distribuição no tempo com que ocorrem os disparos de impulsos individuais ao longo do axônio.
O axônio está “ligado” aos dendritos ou corpos celulares de outros neurônios. Os pontos de contato são chamados de sinapses. Um determinado axônio pode estar em contato sináptico com muitas outras células; por outro lado, uma determinada célula pode estar conectada aos axônios provenientes de centenas de outras células. Um impulso que chega a um contato sináptico causa a libertação de uma substancia química pela célula pré-sináptica no espaço entre as membranas celulares de ambas as células (fenda sináptica). A presença dessa substancia dispara um impulso elétrico na célula pós-sináptica, o “potencial pós-sináptico”. Os potenciais sinápticos são sinais analógicos com formas variadas e duração maior do que os potenciais digitais de ação padronizados, que se propagam pelo axônio. Existem dois tipos distintos de sinapse, que se propagam pelo axônio. Existem a sinapse excitadora e a inibidora, evocando potenciais sinápticos de polaridade opostas. Se, num certo instante, um neurônio recebe uma quantidade de estímulos excitadores que exceda o numero de sinais inibidores que chegam simultaneamente em um certo valor-limite, o neurônio responderá, disparando um impulso no axônio. Caso contrário, ele permanecerá em silêncio. Concluímos que os dendritos e suas sinapses funcionam como o sistema de coletagem e integração de informação do neurônio – representando assim a unidade fundamental de processamento de informação do sistema nervoso.

“É importante observar que o que irá determinar se um sinal de saída será ou não disparado por um neurônio é a distribuição espacial e temporal dos sinais de entrada provenientes dos neurônios pré-sinápticos. Por outro lado, muitos neurônios disparam potenciais de ação espontaneamente a uma razão característica. Um neurônio especifico pode transmitir apenas ordens excitadoras ou inibidoras aos outros neurônios. Quando um neurônio inibidor dispara um pulso para outro neurônio inibidor, ele cancela o efeito inibidor deste ultimo. Existem indícios de que a resposta dos neurônios ligados às células capilares da fileira interna é excitadora, sendo inibidora a da fileira externa” (Sokolich e Zwislocki, 1974).

“Existe um atraso de tempo característico (normalmente menos que um milissegundo) entre a chegada de um impulso numa sinapse e a formação da resposta na célula pós-sináptica. Esse atraso de tempo possibilita que a ativação neural disparada por um único estimulo externo possa subsistir ou “reverberar” por um tempo considerável, quando ela se propaga por uma serie de milhares de passos sinápticos sucessivos no tecido cerebral. Isso pode ser um processo-chave na elaboração de padrões dependentes do tempo na atividade neural”…

A reverberação do estímulo pode ser relacionada à interpretação dos eventos na memória recente, como distâncias de ataques de notas, distinção e similaridades entre padrões rítmicos e melódicos, ou distintas intensidades dinâmicas. A reverberação do estimulo possibilita a interação dos dados os relacionando em um sistema, que está relacionado diretamente com a sensação de presente, não apenas ao sistema do cogito cognato, mas um sistema que codifica e trás ao presente a presença da percepção ao ser codificada.

“… Depois de cada ativação, um neurônio tem um período refratário, durante o qual ele não pode ser reexcitado, ou durante o qual o seu limite de disparo é elevado”

Figura 8: Fenda Sináptica - Código de Barra – Reverberação do Estimulo